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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O existencialismo na obra do fotógrafo Giba Duarte

Já havia falado em outras vezes sobre o trabalho silencioso do fotógrafo Giba Duarte. Nestas conversas rápidas  que fazemos por internet, pedi-lhe que me enviasse parte de algum trabalho seu, que manifestasse um pouco de sua experiência técnica e emocional. Giba, é destes indíviduos que tem sempre algo profundo e quase um segredo mental pra falar através de sua linguagem. A medida que ele exercita esta construção de imagens em seu laboratório psíquico, encontro vestígios da aproximidade que ele tem com a  sua própria existência. Acredito que a arte passe por questionamentos, assim como nossos cotidianos estão sempre repletos de significados e dúvidas.  Quando Giba me indicou um caminho de seu ensaio fotográfico, diretamente começo a exercitar também a interpretação que isto me suscita. Acredito que quanto mais nos questionamos sobre a vida, mais pode ser promissor o resultado na elaboração do trabalho artístico. O exercício de criação de Giba Duarte, somado aos fragmentos de uma poesia do poeta catarinense João da Cruz e Souza, onde ele se inspirou, enfatiza  uma beleza em sua fotografia. Ele monta restícios gráficos com tinta, papel e linha, fotografando-os de forma instantânea, posicionando uma imagem de forma retangular e horizontal. Há um calor em sua fotografia que surge como uma ilustração magnífica de cores quentes. Esta tradução que ele nos passa, parece ir de encontro  ao texto poético de Cruz e Souza. O que é mais legal  em tudo isso, é a aproximação que ele consegue realizar de um caráter emocional, construindo um pensamento artístico, dando enfase na materialização disto.Esta elaboração formal, posso dizer que é a grande diferença que existe em um trabalho conceitual e algo mais literal na linguagem da arte. Giba efetua o conceito com brilhantismo.  Por mais que exista um nível de abstração e subjetividade, o que Giba Duarte realiza é o exercício de  criar imagens  com síntese e analogia, mostrando um processo mental.  Sempre acho  que nós brasileiros  temos uma alma muito latina na perseguição do drama em nossa cultura. Somos  muitas vezes de natureza dramática. Isto, na apropriação da materialidade do trabalho é bem genial, se olharmos sobre o ato que nos impulsiona para a criação artística. Mas deixando de lado a filosofia, quero dizer que as imagens criadas por Giba, são simples e contagiantes e parecem um presente quente de emoção, mostrando-nos alguns fragmentos de sua alma generosa.



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