Aprendi com o passar dos anos, a observar com minuciosidade e rigor, o trabalho de diversos artistas que moram aqui na Ilha. Tem coisas muito boas e coisas muito ruins, como em todo lugar do mundo. Para entender arte como forma de expressão, voce tem que ter um despojamento e um compreensão muito maior, do que meramente ver o trabalho artístico dentro de um espaço geográfico. Sempre fui de fazer analogias. Isto é um exercício de leitura , de síntese, de compreender e entender as diversas linguagens artísticas. E muitas vezes na arte, se percebe absolutismos e nem sempre estes, são o senso comum do pensamento artístico. Ou voce gosta ou não gosta. Mas pra se ter isso, é importante também ter referências para analisar com embasamento crítico, aquilo que voce observa. Conheço Elisabete Trevisan ou Betinha, há muito tempo e sempre observei em seu trabalho, um exercício muito poético na construção de formas e linhas geométricas. Gosto muito do que ela faz. Betinha é uma artista plástica que mora aqui e é extremamente expressiva na sua linguagem. Sua pintura tem algo que me lembra muitas vezes, a arquitetura das formas e me faz lembrar também o trabalho de Kandisky, pintor russo, naturalizado francês, que chegou a lecionar na Escola Bauhaus. Ele foi o introdutor da abstração no campo das artes visuais. Mas o que acho interessante no trabalho de Betinha, é a maneira como ela trabalha a construção de sua obra. Ela consegue imprimir na sua abstração, apesar de ter feitos trabalhos com a figura humana, algo como se fosse uma caligrafia e um registro poético da sua visão de mundo. Esta brilhante artista tem uma trajetória artística com exposições no Brasil e no exterior. Em seu trabalho, sinto nitidamente o estudo e construção de planos e espaços que se juntam, dando o tom de sua imagem pictórica. Eu diria que ela tem uma matemática poética na forma, pois tem um preciosismo no seu desenho. O que acho bacana em seu trabalho, é a maneira como ela se arrisca em seu espaço e em sua geometria construtiva, como se pesquisasse um território ainda desconhecido. Betinha faz de seu abstracionismo, um dialógo que nos absorve por inteiro. Seus planos, suas linhas e sua cor, nos dão a possibilidade de interargirmos com mundos guardados, destes que estão em nossa memória sensorial. Betinha é uma artista rara, pois percebo nela uma constante pesquisa. Como se estivesse somando todos os seus elementos sensitivos. Ela transita em sua linguagem como observadora, deixando claro que está em constante transformação. E isto em arte é maravilhoso, quando se ve no artista a sua fração de se lançar e arriscar naquilo que faz. Percebo em seu trabalho uma experimentação e um estudo que me deixam com o espírito de investigar cada traço de seu desenho e de sua pintura. A sobreposição de seus planos e de seus espaços tem algo fascinante. Há em sua pintura um plano sem limites, como se fossem fragmentos de nossa psique. Talvez, porque dentro do abstracionismo há valores subjetivos e aleatórios, sinto que na construção da imagem criada por ela, existe uma entrega vigorosa do seu ofício. Fico imaginando sempre sua obra, muito maior do que a proporção dos quadros que ela muitas vezes apresenta. Vejo sempre seu trabalho ocupando imensas paredes, pois é tão rica sua imagem que é impossivel não se comover com suas formas espaciais. Betinha tem algo fascinante da construção da obra artística, como poucas vezes vejo em artistas abstracionistas aqui da cidade. Se voce quiser saber mais sobre esta artista veja seu site http://www.betinhatrevisan.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário