Na cultura artística existe algo que é movido pela novidade, mas sempre fico com um pé atrás e outro na frente ao olhar o trabalho de um artista. O termo ''vanguarda'' muitos críticos de arte julgam desgastado e não o utilizam mais, pois assimila muito uma época de confronto na arte. E eu concordo também. Estes dias uma amiga artista plástica definiu o trabalho de um artista daqui como ''primitivo urbano'' e ela foi perfeita na definição. A tal palavrinha ''vanguarda'' acumula a imagem datada e neste mundo tudo está mais diverso e multiplicado para ser contemporâneo, pois em arte há um instante único e um tempo. Quando a arte vem com este invólucro taxado por alguém de ''vanguarda'' já dá pra desconfiar, pois o correto e usual hoje em arte, é ter a certeza que um trabalho artístico é contemporâneo e ele por si só, se basta como expressão de valor cultural. Há artistas que param no tempo e dalí não fazem mais nada do que usar a mesma fórmula na construção da obra de arte. O que era novidade passa a ser comum, banal também. E quando se rotula de muito moderno, pode se tornar banal. Há artistas que parecem que criam uma zona de confortabilidade e dalí não experimentam mais nada e este é o grande risco na interpretação da arte. Segundo minha amiga há uma preguiça na criação artística e eu concordo com ela. Na arte existe muitas coisas parecidas em linguagens estéticas, umas são novidades e outras, nada acrescentam e são meramente decorativas com o sofá da sala. Atualmente aprendi que é preciso despojamento para analisar e também ter ouvidos para escutar as pessoas, pois criticar é muito simples, mas olhar profundamente a diversidade artística, é preciso ter um exercício de sofisticação de conteúdo.
Mas tirando este papo filosófico de lado sobre a retórica da ''novidade'', neste dia 11/10 ás 20:00hs haverá uma exposição de artistas alemães do Projeto Blindate Berlin na Galeria Luciano Martins em Florianópolis. Com o apoio do Floripa Lab, Bungalow Agency e Nomuro Temakeria eles promovem um inusitado evento que tem como inspiração a cidade de Berlim. O projeto Blinddate Berlin traz uma novidade e teve sua primeira edição na cidade de Nova York e acaba de ser realizado recentemente em São Paulo, com apoio do Instituto Goethe e com a curadoria de Holger Beier.
Mas tirando este papo filosófico de lado sobre a retórica da ''novidade'', neste dia 11/10 ás 20:00hs haverá uma exposição de artistas alemães do Projeto Blindate Berlin na Galeria Luciano Martins em Florianópolis. Com o apoio do Floripa Lab, Bungalow Agency e Nomuro Temakeria eles promovem um inusitado evento que tem como inspiração a cidade de Berlim. O projeto Blinddate Berlin traz uma novidade e teve sua primeira edição na cidade de Nova York e acaba de ser realizado recentemente em São Paulo, com apoio do Instituto Goethe e com a curadoria de Holger Beier.
O Projeto reúne artistas paulistas e alemães e a proposta é realizar uma experiência em territórios desconhecidos, mostrando a diversidade de linguagem artística entre eles. O Blind Date Berlin, que significa o encontro às escuras entre duas culturas e diferentes ao mesmo tempo, faz com que artistas mostrem seu trabalho de maneira inusitada. Novidade é claro!! Além de participarem do projeto artistas visuais de duas cidades, se apresentam também músicos da cena underground de Berlim.
A novidade é também que 2 artistas de São Paulo foram selecionados para ter, literalmente, um encontro às escuras com outros dois artistas de Berlim. Ambos se encontraram somente 5 dias antes do evento em São Paulo e começaram a produzir juntos para o projeto.
Cada vez mais vejo artistas estrangeiros explorando novos espaços e transitando sua arte em outros países. Embora existam artistas estrangeiros maravilhosos que morem aqui, não tolero a apologia que geralmente nossa cultura impõe ao olhar os artistas de outros países que muitas vezes por aqui aparecem, criando uma admiração até exagerada. O projeto Blind Date Berlin tem uma intenção muito legal, pois ele consolida uma idéia nova e é claramente contemporânea, apesar de eu ter lido um texto sobre o projeto com a apologia da tal ''palavrinha'', que deixa o trabalho de arte datado. Andei investigando a obra de alguns artistas desta mostra e achei interessante, mas confesso não achar nada de tão incrível assim ao meu olhar. De cara me lembrei do artista Bruno Mund, que é daqui de Florianópolis e tem leituras parecidas a dos artistas alemães. Quando estive na Bélgica me deparei com diversos artistas que apresentam linguagens gráficas similares. Se voce investigar arquivos em sites e revistas gráficas de arte e inclusive no Flickr, verá coisas tão legais quanto o trabalho destes artistas. Atualmente ando torçendo um pouco o nariz pra esta coisa ''estética'' que como minha amiga resumiu, tratar-se do ''primitivo urbano'' ou de uma ''leitura vintage'.' Mas confesso que é importante este intercâmbio para um exercício de leitura e de impacto com a cultura alheia. Temos que verificar novas informações sempre e confrontá-las conceitualmente. É preciso ver , literalmente! E isto não significa que tudo possa parecer primitivo ou dejavu, sempre não é mesmo? O que sinto atualmente no panorama da arte pelas informações que tenho, que há uma busca pela naturalidade e simplicidade da composição. O tal neologismo do'' rebuscamento minimalista'' ou ''transgressor'' como diriam alguns críticos de arte, ainda prevalesce. Ao me deparar com este fato, vejo que artistas do mundo inteiro podem ser tão iguais e parecidos ao mesmo tempo. Pouco importa se voce é de Jaraguá do Sul, Florianópolis ou de Berlim, o valor artístico é o mesmo no contexto da novidade. O que muda é claro é o impacto que a obra traduz sobre a cultura local. Novidade? Acredito que existem fórmulas muito próximas na composição lúdica de um trabalho artístico e elas se manifestam quase que por uma osmose. O que é mais legal nisso tudo é ver que aqui ou alí, tudo continua muito parecido, mas a gente tem que ir pra ver e sentir, pois o mais importante é a síntese do artista. Como disse no início deste texto é preciso sofisticar o olhar e isto, só acontece com muito exercício e eu sempre estou tentado aumentar o meu campo de visão sobre a obra artística.
Abaixo estão postadas algumas imagens de trabalhos dos artistas Dasha Rychkova, Fehmi Baumabach e Lucas Colletto, que participam da mostra.
Abaixo estão postadas algumas imagens de trabalhos dos artistas Dasha Rychkova, Fehmi Baumabach e Lucas Colletto, que participam da mostra.
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