Hoje me deparei com a obra do artista Pedro Pires e resolvi postá-la aqui, pois já conhecia seu trabalho e entre os artistas abstracionistas que residem em Florianópolis, ele é um dos mais expressivos. Sempre que tento avaliar a obra de um artista, antes de tecer algum comentário eu tenho muito cuidado de interpretá-la, pois é um exercício muito particular e subjetivo.
Talvez por eu ter tido uma vivência com a gravura nos anos 80 e ter estudado um pouco sobre processos gráficos, fico muito a vontade para indentificar a linguagem de seu trabalho. Pedro apesar de ser paulista, mora em Florianópolis há anos e tem uma arte que estabelece um diálogo muito sutil com a forma e o desenho. Olhar o trabalho dele é encontrar um exercício mental e algo que poucos artistas abstracionistas conseguem deixar transparecer na sua arte. Gosto demais da maneira como ele divide planos, executa espaços e linhas, formando um desenho muito peculiar. Gravador, desenhista, ceramista e pintor, Pedro Pires é um artista que apresenta um silencio e uma emoção que parecem estar repletos de fragmentos do cotidiano e da observação do mundo que o cerca. Sua obra é direta, objetiva, silenciosa e apresenta-se forte.
Pedro tem algo fascinante na maneira como constrói seu desenho e sua pintura, com linhas que parecem cortar o suporte de seu trabalho, deixando transparecer seu exercício e conhecimento de gravador. A obra de Pedro Pires traduz um encanto, algo emocional onde cada plano se mistura com texturas e linhas formando um jogo de cor e luz, formando uma projeção lúdica. Há uma beleza e uma vida em seu trabalho que retratam o exercício artístico.
Para mim a abstração como linguagem tem que causar um comoção, mesmo com códigos subjetivos. E ele consegue acertar o tom e a dinâmica deste diálogo, com expontaneidade e naturalidade.
E quando se percebe isto na abstração, é como se apurasse nossos ouvidos para uma música. A obra de Pedro exige uma atenção e nela encontramos um deleite primoroso como observadores.
Sempre brinco com a frase ''open your mind'', para que as pessoas entendam alguns artistas. E isto, se aplica ao olhar de maneira prazerosa a arte deste artista.
Ele estudou a litografia e consegue imprimir com beleza códigos expressivos.
O trabalho de Pedro Pires faz com que se identifique um pouco da abstração que encontramos em grandes mestres do movimento abstracionista, como Paul Klee (Suiça-1879/1940) e Kandinsky (Russia-1866/1944). Ambos lecionaram na Escola Bahaus (Alemanha) e apresentam algo em comum. E Pedro tem isto muito trasparente em sua linguagem. Como sempre digo aqui no blog, não dá para classificar com rigidez o estilo de um artista, pois corremos o risco de banalizar e tornar a obra artística fechada em si mesma. E acredito que em arte, tudo possa ser transformado e transgredido.
Andei vendo as sete serigrafias de Pedro Pires que estão em exposição na Livraria Catarinenese (fica ati até dia 30 de novembro), no centro da cidade. E elas fortalecem a idéia que há uma tranformação de seu tempo e em sua arte. As imagens que estão expostas refletem de maneira mágica parte de sua obra e são perfeitas na composição. Ao observá-las voce percebe uma limpeza estética e um cuidado muito particular, sofisticado e natural do artista. E atualmente com as técnicas modernas da digitalização, o que Pedro executa tem um lirismo e uma poesia que são fundamentais na linguagem quase rudimentar da gravura.
O artista tem em seu currículo várias exposições coletivas e individuais e também já realizou projetos gráficos, cenários e figurinos para teatro, cinema de animação e publicidade.
Radicou-se em Florianópolis (1979) onde mantém um atelier produzindo projetos de artes gráficas, design de objetos e obras de arte em desenho, pintura e cerâmica.
Tem obras no Acervo do Museu de Arte de Santa Catarina-MASC, IPHAN e em coleções particulares no Brasil, Argentina, EUA, Portugal, Açores, França e Japão.
Veja mais em www.pedropires.com
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