Páginas

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O filme Blow-up como referência moderna em nossa cultura

   Blow-Up-Depois daquele beijo,  é um filme ítalo-britânico de 1966. É destes clássicos que a gente se apaixona e  que todos que gostam de cinema, fotografia, moda e arte deveriam  conhece-lo. Foi o primeiro filme em língua inglesa do cineasta italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007).
O filme  conta a história do envolvimento acidental de um fotógrafo chamado Thomas, com um crime de morte. Ele é  baseado num pequeno conto de Julio Cortázar (Las Babas del Diablo) publicado em 1959, e na vida do famoso fotógrafo da época da Swinging London, o britânico David Bailey.
O filme  conquistou o Grand Prix do Festival de Cinema de Cannes na época e foi escrito por Antonioni e Tonino Guerra e traz no elenco David Hemmings, Vanessa Redgrave, Sarah Miles, Jane Birkin ( nas primeiras cenas de nu frontal em filme britânico dirigido ao grande público) e a modelo Veruschka.
Veruschka  que  tem uma história de vida fascinante, interpreta a si própria e tem uma cena então considerada como o "mais sexy momento cinematográfico da história", pela revista especializada Premiere.O filme foi produzido por Carlo Ponti e em sua trilha sonora traz o jazz de Herbie Hancock e o rock da banda Yardbirds.
Andei lendo  algumas críticas na web  de pessoas sobre o filme. Muitos afirmam que Antonioni vê muito de si próprio em Thomas, seu personagem  fotógrafo. Para muitos,  seu alter ego é retratado sem concessões de maneira  materialista, fútil, sexista e moralmente repreensível. Mas o extraordinário gosto do diretor pela beleza se revela nos enquadramentos  que são magníficos, nos movimentos secos, porém precisos da câmera.
Há  uma  seqüência  de imagens em que Antonioni mestre na arte do cinema, filma  Thomas fotografando Veruschka, e que  nos dá a impressão que ele (Antonioni) fotografa também a modelo. É como se existissem  dois fotógrafos em um só, ambos em contínua busca pelo enquadramento perfeito e apaixonados por seu ofício.  A cena é instigante e perfeita. Há uma inquietação contagiante nas imagens.
O cineasta  no entanto mostra que suas intenções  são muito mais profundas, pois a crítica que ele faz a seu protagonista e a si mesmo é ampliada em outro ''blow up'', desta vez sociológico e moral para a própria sociedade em que vivemos.  Há um olhar inquisitor e filosófico nesta máquina fotógrafica. Há uma lente querendo  revelar e questionar. Como se o fotógrafo revelasse um enquadramento pequeno para o  mundo inteiro ver.  
Em Blow-up, as pessoas são retradadas estáticas e alheias aos significados das coisas, como são as modelos e os espectadores, rígidos como manequins, do show dos Yardbirds (Jimmy Page e Jeff Beck ao palco).
Temos a impressão que o diretor clama para que nós rejeitemos nossa própria inércia ideológica, que deixemos de adotar uma postura passiva no filme e em nossas próprias vidas.
O filme continua moderno até hoje, serve de referência para muitos artistas e fotógrafos e  se encontra em algumas locadoras  e livrarias especializadas. Se voce não o conhece, assista e divirta-se.

Nenhum comentário:

Postar um comentário