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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Isabelle Blow

Talvez voce já tenha  visto a figura de Isabelle Blow (1958-2007), mas nem todo mundo sabe sobre  a história de sua vida. Faz alguns dias que tirei o texto postado aqui de meus arquivos e resolvi publicar no Blog.
Isabelle Blow foi uma dessas figuras emblemáticas, inteligentes e divertidas  no mundo da moda. Tinha um olhar muito especial sobre artistas e designers e com uma história de vida, que lhe daria um filme. Aliás acabaram de lançar um livro biográfico dela, mas ainda não editaram no Brasil.
Isabelle Blow nasceu em Londres, era a filha mais velha de um major oficial do exército e de sua segunda esposa, Helen Mary Shore, uma garçonete.
Quando Blow tinha 14 anos os seus pais separaram-se. Ela tinha três irmãos: duas irmãs, Julia e Lavinia, e um irmão que se chamava  John. Ela viria  seu irmão morrer num afogamento acidental  na piscina de sua casa, quando tinha  somente dois anos de idade.
Blow  era meio patinho feio, não era o tipo de menina que os meninos se apaixonam. Estudou na Heathfield School, depois  num colégio de secretariado e fazia trabalhos ocasionais, inclusive em lojas vendendo vidros guarnecidos de damascos. Foi arrumadeira em Londres durante dois anos. Usava  sempre um lenço com nós de lado.Um dia um primo seu a viu na estação de correios e lhe perguntou: O que voce faz? Pois chamava a atenção o lenço e o jeito que ela o usava.  Ela respondeu-lhe bem humorada:  O que te parece? Sou uma arrumadeira! E é óbvio que o lenço já lhe causava um certo estilo e imprimia sua personalidade.
De acordo com uma  entrevista anos mais tarde, depois de conhecida,  Blow foi deserdada pelo pai em 1994 e recebeu apenas 5.000 libras da sua fortuna de 7 milhões. Toda a herança ficaria para atual  mulher de seu pai.  Isto , magoaria  Isabelle para o resto da vida.
A história de Isabelle Blow  começa quando ela mudou-se para Nova Iorque em 1979, para estudar Arte Chinesa Antiga na Columbia University e partilhou um flat com a atriz Catherine Oxenberg.
Um ano mais tarde, deixou o programa de História da Arte na Columbia, mudou-se para o Texas e trabalhou para o famoso designer Guy Laroche, onde começou a perceber seu talento para a moda.
 Vivia sempre interessada por artistas, designers, fotógrafos e fazia diversos amigos.  Em 1981, casou com o seu primeiro marido, Nicholas Taylor (de quem se divorciou em 1986), e foi apresentada à então diretora de moda da  Revista Vogue (americana), Anna Wintour.
Foi contratada inicialmente como assistente de  Anna Wintour, mas pouco tempo depois passou a ser assistente de Andre Leon Talley, o diretor para os EUA da Revista Vogue.
Segundo Anna Wintour, Blow sempre  atrasava pela manhã no trabalho, mas quando chegava era impecável e ficava até horas trabalhando, sempre esbanjando alegria e estilo com seus colegas.
Enquanto trabalhava em Nova Iorque, fez amizade com  artistas como  Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat e vivia em festas e eventos, onde cada vez mais foi imprimindo sua personalidade e fazendo amigos.  Blow era cativante, observadora e muito bem humorada , tinha uma opinião forte sobre diversos assuntos e  circulava sempre, com gente interessante fazendo seguidores.
Em 1986, voltou a Londres e trabalhou para Michael Roberts, que era Diretor de Moda da Tatler e da revista Style do Sunday Times.
Em 1989, casou com o seu segundo marido, o negociante de arte chamado  Detmar Blow  ( ele era neto e tinha o mesmo nome  do  famoso arquiteto, Detmar Blow).
Philip Treacy  que ainda não  era conhecido pelos famosos chapéus que produzia, desenhou o vestido dela e adereços. E foi Blow,  que o colocou no mundo da moda. Ela já havia se tornado sua amiga quando ele ainda era um estudante de arte em Londres.
Isabelle  Blow, bem descolada e visionária que era, introduziu os trabalhos de Treacy numa loja da sua sogra, onde ele trabalhou nas suas coleções durante dois anos. E é claro, fez enorme sucesso.
Ela  apareceu  usando um chapéu de Treacy, no filme do diretor Wes Anderson,  chamado ''The Life Aquatic with Steve Zissou ''(2004).
De acordo com uma entrevista , Blow declarou que usava chapéus extravagantes por uma razão prática: "Para manter todos afastados de mim''.  Ela dizia que as pessoas também a irritavam com bajulações. Ela fazia graça dizendo que usando um chapéu estravagante em eventos, as pessoas lhe interpelavam: -''Oh, posso beijá-la? E ela dizia, sem cerimônia:  ''Não, muito obrigado'', insinuando que devido ao chapéu que usava, era melhor manter uma certa distância. Blow ironizava: '' É para isso que uso o chapéu. Não quero ser beijada por qualquer um. Eu quero ser beijada pelas pessoas que amo."
Determinada, ela ajudava novos talentos, fazia seu marido negociar  quadros de artistas não conhecidos  e despertava nos amigos, a atenção de ver novidades no mundo das artes, principalmente na moda. Para ela moda tinha que ter glamour e arte. Em 1993, trabalhou no projeto do fotógrafo Steven Meisel produzindo o editorial  '' Babes in London",  inspirado em caça. Andei vendo algumas imagens na web e são muito bacanas.
Isabella Blow tinha um sentido natural de estilo e uma  sensibilidade para as futuras direções da moda.  Foi ela que descobriu Alexander McQueen (morto este ano) e comprou toda a sua coleção de graduação por 5.000 libras, pagando em prestações semanais de 100 libras. Ela o ajudou projetando-o cada vez mais e se tornou sua  confidente. Foi ela também que lançou a carreira  de algumas modelos entre elas,  Sophie Dahl. Blow a   descreveu como "uma boneca exagerada com miolos'', ironizando a pouca inteligência de algumas modelos.
Blow foi diretora de moda da revista  Tatler e consultora da DuPont Lycra, Lacoste e  da Swarovski.
Em 2002, tornou-se ícone de uma exposição intitulada ''When Philip met Isabella ''(Quando Philip conheceu Isabella), exibindo sketches e fotografias de Blow usando chapéus de Treacy. A exposição   ficou circulando por alguns lugares da Europa até 2006, foi um sucesso de público e virou um livro.
Blow prestava várias consultorias e fazia várias pesquisas sobre a história da moda. Ela descobria coisas na história do vestuário e dizia que gostava das roupas de Nell Gwyn, uma amante de Carlos II da Inglaterra, porque foi ela uma das primeiras a usar decotes imensos na Côrte Inglesa.
Próximo do fim da sua vida, Blow tornou-se seriamente depressiva e angustiava-se pela inabilidade em "encontrar uma casa de moda  no mundo que ela pudesse influenciar", escreveu Cathy Horyn do The New York Times em 2007.
Segundo uma amiga dela : "Ela estava preocupada que Alexander McQueen não a levasse junto quando vendeu a sua marca a Gucci. De acordo com uma entrevista que ela deu a um repórter, foi Blow que intermediou o negócio no qual  a marca Gucci comprou a etiqueta de McQueen. Ela tinha dívidas e uma enorme preocupação com seus problemas financeiros e a  sua infertilidade.
De acordo com um artigo no Daily Mail, Blow e o seu marido tentaram fertilizações in vitro, sem sucesso, por oito vezes.  Ela disse uma vez: "Somos como um par de frutos exóticos que não podem procriar quando estão juntos".
Na sequência de um desentendimento com a sua sogra, sobre qual um  dos membros da família deveria herdar a casa ancestral da família, Isabella e Detmar Blow se  separaram. Seu marido envolveu-se num caso com a novelista bissexual Stephanie Theobald, enquanto Isabella entrou numa ligação com um gondoleiro que conheceu em Veneza, mas reconciliaram-se 18 meses depois.
Em 2006, novamente de acordo com o The New York Times, Blow tentou duas vezes o suicidio, uma vez saltando de um viaduto para uma rodovia, no que resultou a fractura de ambas as pernas.
De acordo com um artigo publicado num jornal,depois da sua morte, Detmar Blow confirmou que a sua esposa sofria de depressão e  ela declarou uma vez:  "Não posso superar isso".
No dia 6 de Maio de 2007, durante uma festa de fim-de-semana em Hilles, onde estavam seus amigos  incluindo Treacy,  Blow anunciou que ia às compras. Em vez disso, foi encontrada mais tarde num estado de sofrimento e depressão,  por uma de suas irmãs  e foi levada ao Gloucestershire Royal Hospital, onde Blow contou que havia ingerido um medicamento chamado Paraquat.
Morreu naquele hospital dois dias depois, aos 48 anos de idade. O London Times anunciou no dia 9 de Maio de 2007 os detalhes da morte de Blow e notou que também o seu sogro usara Paraquat para se suicidar.
As cerimónias fúnebres ocorreram na catedral de Gloucester no dia 15 de Maio de 2007. Em sua urna havia uma  fita de salgueiro, foi adornada por um dos seus chapéus de Philip Treacy em vez de um arranjo floral, e o seu caixão foi carregado por Otis Ferry, um filho da estrela de  rock Bryan Ferry.  No funeral estava o ator Rupert Everett  que teceu enormes elogios , enfatizando o quanto ela foi importante e otimista, acreditando no talento de muitas pessoas.  

 Na foto acima Isabelle Blow com Alexander MacQueen (falecido este ano), um dos grandes talentos descobertos por ela.

Nas imagens acima está Blow com seu amigo Philip Treacy usando os famosos  chapéus do designer, também descoberto por ela.




Isabele Blow  foi uma visionária, adorava a moda dos anos 50 e tinha o dom de se reinventar e descobrir talentos, entre eles Hussein Chalayan, Alexander MacQueen  e Philip Treacey.

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